Resumo da Live
Convidado: Daniel Justi, historiador, doutor em História e professor na Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará e na UFRJ.
Apresentador: Daniel Gontijo, psicólogo, doutor em neurociências e fundador do Instituto Ponto Azul.
O que foi discutido?
A live abordou o estudo científico do Antigo Testamento, a relação entre judaísmo e cristianismo, e como separar fatos históricos de mitos nos textos bíblicos. Daniel Justi explicou como a história analisa esses textos, usando métodos rigorosos e duvidando sempre, diferente de uma leitura religiosa que aceita tudo como verdade absoluta.
Pontos principais:
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- Estudo científico do Antigo Testamento:
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- A Bíblia não é um livro único, mas 66 documentos de épocas e autores diferentes.
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- Estudo científico usa vestígios (textos, monumentos, moedas) e métodos históricos pra reconstruir o passado, sem tomar os textos como literais.
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- A memória histórica é falha: mistura fatos, esquece coisas e cria narrativas novas, então o historiador cruza fontes pra chegar mais perto da verdade.
- A memória histórica é falha: mistura fatos, esquece coisas e cria narrativas novas, então o historiador cruza fontes pra chegar mais perto da verdade.
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- Estudo científico do Antigo Testamento:
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- Exemplo do Êxodo:
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- A história de Moisés liderando 600 mil hebreus saindo do Egito não tem evidências arqueológicas. A múmia de Ramsés II, que supostamente morreu no mar, está no Museu do Cairo!
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- Provavelmente, a narrativa reflete migrações reais de povos satélites do Egito, mas ganhou contornos mitológicos após eventos como o exílio babilônico (século VI a.C.), pra reforçar a identidade do povo.
- Provavelmente, a narrativa reflete migrações reais de povos satélites do Egito, mas ganhou contornos mitológicos após eventos como o exílio babilônico (século VI a.C.), pra reforçar a identidade do povo.
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- Exemplo do Êxodo:
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- Hebreu, judeu, israelita:
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- No século VIII a.C., Israel (norte) e Judá (sul) eram reinos distintos. Israelitas viviam no norte, judaítas no sul. Após a destruição de Israel, muitos migraram pra Judá, e “judeu” virou o termo principal.
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- “Hebreu” pode vir de uma palavra antiga pra “empoeirados” (povos do deserto). “Israelense” é um termo moderno, do Estado de Israel (século XX).
- “Hebreu” pode vir de uma palavra antiga pra “empoeirados” (povos do deserto). “Israelense” é um termo moderno, do Estado de Israel (século XX).
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- Hebreu, judeu, israelita:
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- Cristianismo e judaísmo:
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- Jesus era judeu, viveu e morreu como judeu, sem intenção de criar uma nova religião. Suas ideias, como enfrentar o Império Romano e propor um “reino de Deus” mais justo, marcaram uma ruptura com o judaísmo tradicional.
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- O cristianismo só se consolida como religião distinta no século IV, quando vira oficial no Império Romano. Antes, era uma variação dos judaísmos da época.
- O cristianismo só se consolida como religião distinta no século IV, quando vira oficial no Império Romano. Antes, era uma variação dos judaísmos da época.
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- Cristianismo e judaísmo:
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- Profecias e a guerra Israel-Palestina:
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- Textos como o Apocalipse não preveem o futuro, mas refletem o presente de quem os escreveu. Ligar a guerra atual a profecias é forçar a barra.
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- O conflito Israel-Palestina é um problema do século XX, ligado a questões políticas e econômicas, não a textos bíblicos.
- O conflito Israel-Palestina é um problema do século XX, ligado a questões políticas e econômicas, não a textos bíblicos.
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- Profecias e a guerra Israel-Palestina:
Reflexão final
Estudar o Antigo Testamento com ciência ajuda a entender nossa cultura e história, sem cair em achismos ou fanatismos. Justi destacou que a ciência não julga crenças, mas tem responsabilidade de esclarecer e combater desinformação. O curso História da Bíblia do Instituto Ponto Azul vai aprofundar esses temas com vários especialistas.
Quer saber mais? O curso começa em outubro, com aulas de Justi e outros feras como Osvaldo Ribeiro e Ângela Natel. Link na descrição da live!