Análise de Números 25:1-6
- Contexto narrativo: O texto bíblico, do livro de Números, capítulo 25, versos 1 a 6, situa os israelitas na região de Moabe, já fora do deserto, quase cruzando o Jordão. É um texto pós-exílico, com forte tom condenatório.
- Enredo principal: O povo de Israel é acusado de “prostituir-se” com as filhas de Moabe, que os convidam pra rituais aos deuses moabitas, como Baal Peor. Aqui, “prostituição” é uma metáfora pra idolatria, não sexo literal. O narrador inventa essa cena pra criticar a adoração a deuses estrangeiros.
- Reação divina: Yahvé, furioso (com “narinas ardendo”), manda Moisés empalar os líderes e matar os envolvidos no culto. O verbo “empalar” (hebraico yāqa‘) sugere uma execução violenta, como fincar uma estaca no corpo, cortando membros. O narrador do vídeo acha isso um “crime nojento” e critica a ética bíblica que justifica violência por motivos religiosos.
- Questão linguística: A palavra hebraica Elohim (plural) pode significar “Deus” ou “deuses”. O narrador opta por “deuses” pros moabitas, já que o contexto sugere um panteão politeísta, diferente do monoteísmo do narrador bíblico. Essa escolha é hermenêutica, não exegética, baseada na intenção de condenar o culto moabita.
- Paralelos culturais: O narrador compara o ritual moabita a práticas de fertilidade, como no candomblé, onde sacrifícios são compartilhados. Ele também ironiza a violência, citando exemplos como budistas tibetanos que “não matam” diretamente, mas causam morte indireta, e a lógica de “Deus mata, eu só atiro”.